27/04/2023
Tratamentos não invasivos da doença hemorroidária: tratamentos tópicos de aplicação local e tratamentos sistémicos
A doença hemorroidária é uma doença comum na região anorretal[1] e que afeta pessoas de ambos os sexos, sobretudo em idades entre os 45 e os 65 anos de idade[2]. Caracteriza-se pela inflamação e pelo prolapso (exteriorização) das veias hemorroidárias e pela manifestação dos sintomas associados de desconforto, prurido, dor e perdas de sangue de cor vermelho vivo na região anal[3]. Sempre que algum sintoma se manifeste é essencial a realização de uma avaliação adequada por parte de um profissional de saúde. O desenvolvimento de doença hemorroidária pode ocorrer no interior do canal anal (hemorroidas internas), no exterior do canal anal (hemorroidas externas) ou em ambos (hemorroidas mistas)[4].
As hemorroidas internas podem ainda ser classificadas em 4 graus[3]:
Grau I – hemorroidas que se desenvolvem no canal anal, mas que não prolapsam (exteriorizam).
Grau II – hemorroidas que prolapsam durante a evacuação, mas que retornam espontaneamente.
Grau III – hemorroidas que prolapsam e carecem de retorno manual.
Grau IV – hemorroidas que prolapsam definitivamente, sem possibilidade de retorno.
Dependendo do tipo e do grau da doença hemorroidária (estadio de desenvolvimento da doença), o tratamento determinado pelo profissional de saúde poderá diferir.
Tratamentos
Os tratamentos para a doença hemorroidária têm vindo a desenvolver-se no sentido de diminuição da sintomatologia de dor associada[5]. Estes, podem ser realizados em regime de ambulatório, sem necessidade de internamento, ou em casos mais avançados, pode ser necessária a intervenção cirúrgica[1].
Os tratamentos não invasivos são, portanto, eficazes na atenuação de alguns dos sintomas de hemorroidas, em particular o tratamento sistémico com venoativos e o tratamento tópico local[6].
1. Tópicos de aplicação local
Os tratamentos tópicos de aplicação local, nomeadamente as pomadas e os cremes, possuem propriedades anestésicas e anti-inflamatórias e são coadjuvantes no alívio dos sintomas de desconforto e prurido provocados pelas hemorroidas. Dependendo da situação clínica de cada doente, a aplicação destes tratamentos tópicos de alívio local poderá ser acompanhada de outro tipo de tratamentos[1].
2. Venoativos orais
Os tratamentos sistémicos, nomeadamente os venoativos orais, são essenciais no tratamento da doença hemorroidária, uma vez que atuam no combate da inflamação venosa e na prevenção de recorrências da doença. Os venoativos são eficazes na redução da congestão venosa e facilitam a drenagem linfática[6]. Adicionalmente, ajudam a melhorar os sintomas associados à doença hemorroidária, uma vez que diminuem o risco de dor persistente, de hemorragia, bem como de prurido[6].
Qualidade de Vida
Por consequência, ao reduzir os sintomas de doença hemorroidária, a qualidade de vida do doente tende a melhorar.
Apesar de a doença hemorroidária ser uma doença anorretal frequente, esta pode ser prevenida através da adoção de hábitos de vida saudável[1], tais como a ingestão de alimentos ricos em fibras e de água. A prática regular de exercício físico contribui igualmente para a prevenção desta doença[6].
Em suma, a sinergia de uma adoção de hábitos de vida saudáveis com o tratamento de alívio local e tratamento sistémico, são chave para a qualidade de vida do doente com hemorroidas.
Os tratamentos tópicos de aplicação local desempenham um papel relevante na diminuição dos sintomas e os tratamentos sistémicos são cruciais para diminuir a inflamação e a recorrência da doença[1] e, por esse motivo, são fortes aliados no tratamento da doença hemorroidária.
Ainda que muitos tratamentos tópicos e sistémicos possam ser adquiridos sem prescrição médica, deve sempre ser consultado um profissional de saúde para que seja indicado o tratamento mais adequado a adotar.
Referências
1 – Zagriadskiı, A. E., Bogomazov, Bogomazov A. M., Golovko, E. B., (2018). Conservative Treatment of Hemorrhoids: Results of an Observational Multicenter Study. Springer Healthcare Ltd, https://doi.org/10.1007/s12325-018-0794-x
2 – Salgueiro, P., Caetano A.C., Oliveira, A.M., Rosa, B., Mascarenhas-Saraiva, M., Ministro, P., Amaro, P., Godinho, R., Coelho, R., Gaio, R., Fernandes, S., Fernandes, V., Castro-Poças, F. (2020) APA citation. Portuguese Society of Gastroenterology Consensus on the Diagnosis and Management of Hemorrhoidal Disease Retrieved from www.karger.com/Article/Abstract/502260
3 – Fontem. R., Eyvazzadeh, D. (2020, aug, 8) APA citation. Internal Hemorrhoid. Retrieved from www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK537182
4 – Kaidar-Person, O., Person, B., Wexner, S. D. (2007, jan, 01) APA citation. Hemorrhoidal Disease: A Comprehensive Review. Retrieved from https://journals.lww.com/journalacs/Citation/2007/01000/Hemorrhoidal_Disease__A_Comprehensive_Review.14.aspx
5 – Ng, K. S., Holzgang, M., Young, C. (2020, jun, 30) APA citation. Still a Case of “No Pain, No Gain”? An Updated and Critical Review of the Pathogenesis, Diagnosis, and Management Options for Hemorrhoids in 2020. Retrieved from www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7392573
6 – Lohsiriwat, V. (2012, may, 7) APA citation. Hemorrhoids: From basic pathophysiology to clinical management. Retrieved from www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3342598
2025